Presidente da Suprema Corte dos EUA deseja má sorte a formandos
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No ano judiciário de 2016/2017 que se encerrou em junho, o presidente da Suprema Corte dos EUA, ministro John Roberts, escreveu 10 votos, oito vencedores e dois dissidentes. Mas nenhum deles teve tanta repercussão no país como o discurso que fez na cerimônia de formatura dos alunos da Cardigan Moutain School, em New Hampshire, no encerramento do ano letivo nos EUA.
Encarregado, como paraninfo, de apontar o futuro para os alunos que estão prontos para enfrentar uma nova etapa em suas vidas estudantis, o ministro surpreendeu ao desejar aos formandos que fossem vítimas de má sorte, injustiça, dificuldades, traição e dor, entre outros infortúnios.
Mas o discurso do ministro, que em parte teve um tom bem-humorado, não criou mal-estar. Ao contrário, ele transmitiu bem sua mensagem aos futuros vencedores na vida. Eis alguns trechos de seu discurso:
“Graças aos sacrifícios de seus pais, vocês chegaram a esse ponto. Assim, eu espero que vocês se levantem agora, se virem para trás (onde estavam os pais) e os aplaudam.” Ao fim dos aplausos, ele disse: “Agora, se alguém me perguntar como foi meu discurso na Cardigan, posso dizer que ele foi interrompido por aplausos”.
“Vocês chegaram à escola tímidos e com um pouco de medo. Mas, graças aos amigos que, agora, vocês chamam de irmãos, vocês não tiveram medo de falhar. E, se você falhou, você se levantou e tentou de novo. E se falhou mais uma vez, você se levantou e tentou mais uma vez. E, se você falhou outra vez, provavelmente está na hora de pensar em alguma outra coisa para fazer.”
Nos discursos de formatura, o paraninfo normalmente deseja boa sorte e manifestam bons desejos aos formandos, lembrou, mas disse que não faria isso.
“Eu espero que, de vez em quando, nos próximos anos, você seja tratado injustamente, para que você venha a entender o valor da justiça.”
“Eu espero que você sofra traição, porque isso vai lhe ensinar a importância da lealdade.”
“Desculpe-me dizer isso, mas eu espero que você sofra solidão, para aprender a não tratar os amigos como se tê-los fosse um fato consumado.”
“Eu desejo a você má sorte, também de quando em quando, para que você se conscientize do papel das oportunidades e entenda que seu sucesso não é totalmente merecido e que a falha de outros também não é totalmente merecida.”
“E, quando você perder, como vai acontecer de vez em quando, espero que, uma vez ou outra, seu oponente irá se regozijar com sua derrota. É uma maneira de você entender a importância do espírito esportivo.”
“Eu espero que você seja ignorado, para entender a importância de ouvir os outros.”
“E espero que você sofra uma certa dose de dor, para aprender compaixão.”
“Se eu desejo essas coisas ou não, elas vão acontecer. E se você vai se beneficiar delas ou não, isso vai depender de sua capacidade de ver as mensagens de seus infortúnios.”
“Paraninfos devem dar conselhos e dicas aos formandos. O conselho mais comum é o ‘seja você mesmo’. É um pouco estranho dar esse conselho a alunos que se vestem igualzinho, em uniformes. Mas seja você mesmo.”
“Porém, você tem de entender o que isso significa. A não ser que você seja perfeito, isso não significa que você não deva mudar. Em um certo sentido, você não deve ser você mesmo. Você deve tentar se tornar alguém melhor. As pessoas dizem ‘seja você mesmo’ porque elas querem que você resista ao impulso de se conformar ao que os outros querem que você seja. Mas você não pode ser você mesmo, se você não souber quem você é. E você não pode saber quem você é, se não pensar sobre isso.”
“Sei que vocês são bons garotos. Mas também são pessoas privilegiadas [por poder estudar na Cardigan Moutain School]. (…) Você é um privilegiado por ter frequentado essa escola, mas meu conselho é: não aja como um privilegiado.”
“Quando você estiver na nova escola, apresente-se a pessoa que está rastelando as folhas, removendo a neve ou recolhendo o lixo. Aprenda o nome dessas pessoas e as chame pelo nome durante todo seu tempo na escola.”
“Quando você passa por pessoas que não reconhece ao andar, sorria, olhe-as nos olhos e as cumprimente. A pior coisa que pode acontecer é que você fique conhecido como o garoto que sorri e cumprimenta as pessoas. E isso não é tão mal assim.”
“Vocês frequentaram uma escola que só tinha garotos. Agora vocês irão para escolas que também têm garotas. Não tenho nenhum conselho a dar sobre isso”, brincou o ministro John Roberts.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
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Advogado em São José do Rio Preto