Mudar curso de Direito da Uerj seria um atraso, diz Nilo Batista
[ad_1]
Em mais um capítulo da novela sobre a possível ida da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro para o centro da capital fluminense, o criminalista e professor da entidade Nilo Batista afirma que uma mudança neste momento de crise passaria uma imagem de indiferença aos professores, servidores e alunos dos demais cursos.
Um grupo de professores da Uerj, que inclui os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, vem articulando a transferência da faculdade de Direito do campus Maracanã, na zona norte, para o antigo prédio do Tribunal de Alçada e do Júri, que fica na rua Dom Manuel, no centro do Rio. Para isso, eles estão negociando com o presidente do Tribunal de Justiça fluminense, Milton Fernandes de Souza, a cessão do prédio em troca de magistrados e servidores terem acesso gratuito a cursos de pós-graduação.
A medida, que é apoiada pelo diretor da Faculdade de Direito, Ricardo Lodi, foi criticada por um grupo de professores. Segundo eles, o isolamento da entidade faria com que professores e alunos desperdiçassem a chance de conviver com outras realidades acadêmicas e sociais. Além disso, eles avaliaram não ser legítimo que um pequeno grupo esteja negociando uma mudança tão grande sem ouvir a comunidade acadêmica.
Mas o grupo de Barroso e Fux garantiu que nenhuma transferência será feita sem ser debatida com professores e alunos. No entanto, eles avaliaram que a maior proximidade com órgãos públicos e escritórios de advocacia e a melhor infraestrutura do antigo prédio do júri beneficiaria a todos.
Retirada militar
Em carta a Ricardo Lodi, Nilo Batista declarou que a transferência em um momento em que professores, servidores, terceirizados e alunos não recebem salários nem bolsas seria equivalente a uma retirada militar.
“O fato de muitos de nós – sejam brilhantes magistrados e membros do Ministério Público, que sem atraso recebem as maiores remunerações de todo o funcionalismo, ou sejam advogados de escritórios merecidamente conceituados – não dependermos estritamente dos salários que nos paga a UERJ só piora nossa situação perante os milhares de professores, alunos e funcionários que, estes sim, resistem sem ter para onde fugir. Como podemos ser indiferentes a isso?”, diz o documento.
Mesmo que a Uerj não estivesse em crise, a mudança seria um atraso, opinou o ex-governador do Rio de Janeiro. De acordo com ele, a graduação e a pós-graduação da entidade vêm combatendo “o autismo discursivo das construções teóricas jurídicas”, que é questionado “há décadas”. Porém, o isolamento da Faculdade de Direito aprofundaria “aquela má tradição” e promoveria “um retrocesso nos avanços realizados”, disse Batista, defendendo o diálogo da entidade com os campos de história, medicina social, ciências sociais e psicologia, entre outros.
O advogado também questionou o fato de uma unidade de ensino decidir onde ficará localizada. A seu ver, isso dissolve a ideia de universidade. Sendo assim, ele sugere que uma eventual votação sobre a mudança da Faculdade de Direito inclua todos os professores, servidores e estudantes da Uerj.
“Temo que a imposição da proposta, sem o crivo democrático do plebiscito, produza uma fratura irrecuperável, que no limite resulte em duas faculdades de Direito: uma abrigada nos tapetes vermelhos do Tribunal, outra no campus, a serviço da transformação social e da emancipação do povo brasileiro. Sei claramente onde estarei”, afirmou Batista.
Clique aqui para ler a carta.
Sérgio Rodas é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro.
[ad_2]
Advogado em São José do Rio Preto