Advogados experientes podem ser mentores dos novos (e vice-versa)
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Tradicionalmente uma bondade de profissionais experientes que encontram tempo e energia para ajudar iniciantes a progredir na carreira, a função de mentor vem ganhando um novo conceito nos EUA, o de reverse mentoring (mentorização reversa). Isso significa que há campo para os menos experientes “mentorizar” os mais experientes em alguma coisa, para o bem da organização.
O verbo de mentor “mentorizar” e o substantivo associado “mentorização”, que é o ato de mentorizar, podem não estar nos dicionários impressos. Mas estarão um dia, porque já estão por todo o lado na internet. Afinal, a mentorização profissional se tornou um instrumento indispensável para novatos navegarem por qualquer carreira sem muita turbulência.
A dúvida, segundo o advogado e educador Stephen Embry, é se a mentorização reversa, hoje já bastante adotada por algumas organizações, é aceitável na advocacia. Um advogado experiente, já convicto de seu sucesso profissional, aceitaria que um novato na profissão, que mal saiu da casca do ovo, lhe ensinasse alguma coisa?
A nova tendência é que a função de mentor se torne uma via de duas mãos, diz Embry. “Os benefícios dessa troca de informações podem ser enormes para os dois lados, especialmente porque a advocacia está passando por mudanças significativas de antigos costumes e procedimentos, que afetam nossa maneira de trabalhar. Além disso, é preciso melhorar a comunicação e o entendimento entre gerações”, ele escreveu em um artigo para o Jornal da ABA (American Bar Association).
A mudança mais revolucionária é, obviamente, a entrada do mundo na era digital. E foi em certo ponto dessa revolução que o conceito de “monitorização reversa” começou a ganhar tração. O conceito foi popularizado pelo ex-presidente da General Electric, Jack Welch, que instruiu seus executivos a começarem a usar a monitorização reversa, para que tivessem a oportunidade de aprender com os trabalhadores mais jovens como utilizar a internet e a computação, para o benefício da empresa e deles mesmos. Muitas corporações, entre elas a Target e a UnitedHealth Care, já adotaram essa nova moda.
De acordo com o autor do artigo, a mentorização reversa reconhece o fato de que as pessoas, à medida que envelhecem, vão perdendo contato com o futuro, enquanto as mais novas abordam as coisas com um novo olhar, mentes mais abertas e uma visão mais perceptiva das novas tecnologias.
A adoção de um programa de mentorização reversa é um passo inicial para se chegar a um sistema de mentorização mútua. Advogados experimentados e advogados jovens têm muito o que aprender uns com os outros, diz Embry.
Os advogados tarimbados podem aprender com os mais jovens mais do que usar as novas ferramentas de comunicação digital, como a mídia social. Podem aprender sobre a evolução do local de trabalho, sobre novos comportamentos sociais, sobre como atrair novos talentos e ainda sobre cultura, valores, motivação, novas habilidades e processos.
Os novatos podem aprender muito sobre o exercício da profissão, sobre liderança, sobre como lidar com clientes (que podem ser mais velhos que eles), com juízes, promotores e servidores públicos, sobre como conquistar novos clientes, sobre como pensar estrategicamente e sobre práticas organizacionais.
A mentorização mútua também é bastante útil para melhorar o entendimento entre gerações. E substituir o espírito crítico que os advogados experientes têm dos novatos e que os novos advogados têm dos antigos por um espírito de compreensão e colaboração.
Isso pode criar empatia entre as gerações. Também ajuda a criar um comprometimento maior do novo advogado com o escritório de advocacia e uma vontade de aprender e crescer dentro da organização. Para os advogados mais experientes, também pode ser uma satisfação pessoal ajudar a formatar a mente daqueles que são o futuro da profissão.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
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Advogado em São José do Rio Preto